Dave Douglas em São Paulo

São mais de 20 discos gravados em 44 anos -de idade, não de carreira. Um dos mais prolíficos instrumentistas do jazz na atualidade, o trompetista Dave Douglas mostra amanhã, no Bourbon Street, aquilo que entende como a sonoridade contemporânea do gênero, com o Dave Douglas Quintet. "Esse é o quinteto que toca comigo há sete anos, mostrando melodias jazzísticas modernas e minha maneira moderna de pensar os standards do jazz", define o trompetista. Além de Douglas, o grupo é formado por Donny McCaslin (saxofone tenor), James Genus (contrabaixo acústico), Clarence Penn (bateria) e Uri Caine, que recentemente deu recital de piano solo em São Paulo, mostrando versões jazzificadas de obras do repertório erudito. Agora, contudo, Caine exibe uma faceta completamente distinta de sua musicalidade, dedilhando não um piano de cauda, mas sim um teclado Fender Rhodes. "A sonoridade desse instrumento é mágica; enquanto o som do piano acaba logo, você pode sustentar o do Fender quanto tempo quiser, como em um longo abraço", compara Douglas. "Já toquei em diferentes situações, que eu não chamaria de jazz, mas não tenho medo de chamar esse meu projeto com o quinteto de jazz", diz. "Não existe a música do futuro, só existe a música do presente, a música que a gente faz hoje e é diferente da que se fez ontem. Ouço e respeito meus heróis, mas sôo de maneira diversa." A trajetória do grupo está cristalizada no projeto "Live at The Jazz Standard", no qual o quinteto registrou, em dezembro do ano passado, suas 12 aparições em uma casa de shows de Nova York, totalizando 44 composições. As músicas que ainda não haviam aparecido em disco foram lançadas em um álbum duplo, enquanto as demais estão disponíveis no site da gravadora do trompetista, a Greenleaf Music (greenleaf.com). Douglas morou um período no Brasil em sua juventude. Foi em 1983, quando ele tinha acabado sua formação em instituições musicais como a Berklee School of Music e o New England Conservatory, em Boston, ambas nos EUA. "Eu fui para o seu país para estudar", conta ele. "Porque a gente sai desses lugares com tanta informação e tantos livros, que daria para passar o resto da vida só estudando." Então ele arrumou um emprego de um mês em um hotel, em Itaparica, na Bahia, para onde se transferiu com a namorada. Ficava tocando à noite e, de dia, estudava. "Depois disso, ainda passei um mês em São Paulo, com o baixista Antônio Guedes. Vou aproveitar a ocasião para ver se consigo praticar meu português", afirma. (Texto de Irineu Franco para a Folha de São Paulo). DAVE DOUGLAS QUINTET Quando: amanhã, às 22h Onde: Bourbon Street Music Club (al. dos Chanés, 127, tel. 5095-6100) Quanto: R$ 120

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