Cantora Céu faz participação em álbum do jazzista Herbie Hancock - O ícone do jazz Herbie Hancock reuniu mais um elenco estelar para dar seguimento multimídia a sua homenagem a Joni Mitchell, pela qual recebeu um Grammy. Entre os colaboradores está a brasileira Céu. O álbum "The Imagine Project" pretende unir "uma miríade de culturas através da canção e da expressão criativa positiva", segundo comunicado. Os colaboradores incluem a cantora pop Pink, o guitarrista Jeff Beck, a citarista indiana Anoushka Shankar, o grupo folk irlandês The Chieftains e o roqueiro colombiano Juanes. O álbum autofinanciado será lançado em 22 de junho pelo selo próprio do pianista, Hancock Records, e será divulgado com uma turnê mundial descrita por uma porta-voz como "extensa". Já foram marcadas datas de alguns dos shows: no Carnegie Hall, em Nova York, em 24 de junho, e no Hollywood Bowl em 1o de setembro. Hancock acumulou muita milhagem aérea na tentativa de gravar cada canção no país de origem de seu colaborador. O documentarista premiado com o Oscar Alex Gibney ("Um Táxi para a Escuridão") o acompanhou nas viagens, gravando imagens para uma potencial exposição online e em um filme. Ele viajou a Mumbai para gravar com Shankar a faixa "The Song Goes On", que também inclui a cantora de R&B Chaka Khan, o saxofonista de jazz Wayne Shorter e um grupo de músicos indianos. Hancock e Shorter se reencontraram em Londres para gravar com Beck, Pink e Seal um cover de "Don't Give Up", de Peter Gabriel. Outras escalas incluíram Paris, para gravações com Beck e os músicos africanos Tinariwen, Oumou Sangare, Lionel Louke e Kinono No. 1; Dublin, para gravar com The Chieftains; Miami, com Juanes, e São Paulo, com a cantora brasileira Céu. Também foram recrutados o roqueiro Dave Matthews e o casal de guitarristas de blues Derek Trucks e Susan Tedeschi. Hancock, que completa 70 anos em abril, foi o vencedor inesperado do Grammy de álbum do ano, em 2008, por "River: The Joni Letters", lançamento que passara relativamente despercebido e que incluía participações da própria Joni Mitchell, Leonard Cohen, Tina Turner, Corinne Bailey Rae, Luciana Souza e Norah Jones, esta meia-irmã de Anoushka Shankar. (Fonte: Reuters).

Lenda do jazz britânico John Dankworth morre aos 82 anos - O saxofonista John Dankworth, um dos principais músicos de jazz britânico por mais de meia década, morreu neste sábado, 07/02/2010, aos 82 anos, informou seu agente no domingo. Ao longo de sua carreira, Dankworth trabalhou de perto com lendas do jazz como Nat King Cole, Ella Fitzgerald e Oscar Peterson. Ele também compôs o tema para a clássica série de televisão "The Avengers", dos anos 1960. O músico, descrito pela revista Jazzwise como "uma das figuras totêmicas do jazz britânico", morreu em um hospital londrino no sábado de causa não revelada. Nascido em Essex, sudeste da Inglaterra, em 1927, Dankworth tocou a clarineta antes de entrar na prestigiosa Royal Academy of Music em Londres, aos 17 anos. Inspirado pelo saxofonista de jazz americano Charlie Parker ele trocou de instrumento e logo passou a compor, a fazer arranjos e a gravar música nos dois lados do Atlântico. Ele recebeu o título de "Sir" em 2006 pelos serviços prestados à música.

Chorinho ganha noites paulistanas - Ritmo tipicamente brasileiro, o chorinho --um samba mais fino, instrumentalmente mais elaborado-- está presente em casas como o Bar do Alemão e a Casa de Francisca. Conheça outros endereços onde é possível apreciar o estilo representado por nomes como Pixinguinha e Heitor Villa-Lobos.
Bar do AlemãoInstituição da boemia intelectual paulistana, o bar é frequentado por jornalistas e músicos, atraídos pelas apresentações diárias de MPB, samba e chorinho desde 1968. Cartola, Clara Nunes e Nelson Cavaquinho foram fregueses da casa, que continua servindo um ótimo chope e pratos alemães.Informe-se sobre o local
Casa de FranciscaInstalado em um sobradinho na rua José Maria Lisboa, o bar, com nome inspirado na primeira moradora do imóvel, datado dos anos 1910, é repleto de objetos que também remetem ao passado; como retratos, vasos, instrumentos musicais e eletrodomésticos vintage. A casa promove shows intimistas em seu palquinho e o cardápio privilegia cervejas artesanais e drinques, além dos petiscos e pratos.Informe-se sobre o local
Magnólia Villa BarA grande casa de tijolos aparentes abriga um bar com ambiente arejado, bom atendimento e música ao vivo de qualidade. O carro-chefe são as bruschettas, como a de shimeji com shiitake e parmesão salpicado. Além de cervejas de garrafa, oferece caipirinhas, servidas em quantidade generosa. Há apresentações de samba e choro, mas a programação musical também inclui MPB, jazz e bossa nova. Há uma pequena pista improvisada em frente ao palco, mas o público dança também entre as mesas.Informe-se sobre o local
Ó do BorogodóO bar está sempre lotado, para se conseguir um bom lugar é aconselhável chegar cedo. A programação musical inclui choro, partido alto, forró e MPB. Aos sábados é servida a tradicional feijoada. O público é composto em sua maioria por jovens universitários.Informe-se sobre o local
Tocador de BolachaA casa oferece pratos simples, tais como carne louca, linguiça flambada na cachaça, moranga recheada, sopa preta e outros. Entre as bebidas, destaque para cachaças, cervejas e drinques. Além de música ao vivo, discos de vinil fazem o som ambiente, por isso o nome "Tocador de Bolachas".Informe-se sobre o local (Fonte: Folha de São Paulo).

Pianista japonês Kuni Mikami faz turnê gratuita pelo Brasil -
O pianista Kuni Mikami vem ao país em turnê gratuita por cinco cidades. Em São Paulo, o japonês naturalizado americano faz duas apresentações em outubro: nesta sexta-feira (9), no Espaço Cachuera! (região oeste da capital paulista), e domingo (11), no CCSP (região sul). Na cidade, o pianista se apresenta com os brasileiros Shen Ribeiro (flautista), Sidiel Vieira (contrabaixista) e Magno Bissoli (baterista).
Mikami começou a tocar piano clássico aos seis anos e sempre teve interesse pela improvisação. Seguiu o caminho do jazz dos Estados Unidados, nação para onde se mudou em 1975. Em Nova York, o artista começou a compor canções de jazz com seu próprio estilo e a se apresentar com artistas renomados como Illinois Jacquet, Elvin Jones e Dakota Staton. Ele também participou de turnês com a Duke Ellington Orchestra. Sua estréia no cenário do jazz americano foi em 1991, quando aceitou convite para tocar com Lionel Hampton.
Os shows que serão realizados no Brasil têm copromoção da Fundação Japão e do Ministério das Relações Exteriores do Japão. Foi com o apoio da fundação que Mikami passou a fazer shows como solista, além de espetáculos que mesclavam jazz e mímica por diversos países. Todas as apresentações são gratuitas.
Espaço Cachuera! - r. Monte Alegre, 1.094, Perdizes, região oeste, São Paulo, SP, tel.: xx/00/11/3872-8113. Sex.: 20h. Grátis.
Centro Cultural São Paulo - r. Vergueiro, 1.000, Liberdade, região central, São Paulo, SP, tel.: xx/00/11/3397-4002. Sala Adoniran Barbosa. Dom.: 20h30. Grátis (retirar ingr. c/ duas horas de antecedência). Fonte: Folha de São Paulo.

Jazz Sinfônica e Fábio Caramuru tocam sucessos cinematográficos - Nos dias 16 e 17 de outubro, famosas canções do cinema e da Broadway serão executadas no auditório Ibirapuera (região sul da capital paulista). A partir das 21h, o pianista Fábio Caramuru e a Jazz Sinfônica apresentam sucessos musicais com projeções de cenas de cinema e de números musicais.
A parceria entre o solista e a orquestra leva ao auditório sucessos dos compositores Richard Rodgers, o preferido do cineasta Frederico Fellini, e o compositor da Broadway Nino Rota. Este ano a morte deles completa três décadas.
Farão parte do evento canções como "My funny Valentine" e "Blue Moon", de Rodgers, e, por Rotat, haverá execução de temas de filmes de Fellini, entre os quais "A Doce Vida" e "8 e 1/2".
Pianista com formação erudita, Caramuru é versátil: alia o erudito e o popular na orquestra dirigida por João Maurício e com regência de Fábio Prado. Os Ingressos custam R$ 30.
Auditório Ibirapuera - av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 2, Parque Ibirapuera, região sul, São Paulo, SP. 16 e 17/1: 21h. Ingr.: R$ 30. 90 minutos. Classificação etária: 12 anos.

Barcelona apresenta exposição sobre o século do jazz - Para quem está indo para a Catalunha neste início de outubro, o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB) apresenta até o próximo dia 18 uma exposição sobre jazz. "O século do jazz" é para quem se interessa por música, mas também por artes plásticas, fotografia, cinema e história contemporânea. A mostra reúne memorabilia; partituras originais; primeiras edições de livros como "Seis contos da era do jazz", de F. Scott Fitzgerald; fotos, desenhos, gravuras e pinturas; pôsteres antigos de shows; pôsteres de festivais assinados por artistas plásticos como Keith Haring e Roy Lichtenstein; pôsteres de filmes como "Bird", de Clint Eastwood, e "Mais e melhores blues", de Spike Lee; capas de vinis e cenas de filmes, além, claro, de muita música. A entrada custa 4,50 euros. O CCCB (www.cccb.org) fica na Carrer Montalegre 5, no Raval, um dos bairros mais animados de Barcelona, ao lado do Macba, o museu de arte contemporânea da capital da Catalunha. (Fonte: O Globo).

Fotógrafo que registrou a história do jazz digitaliza seu arquivo - Herman Leonard conviveu com os grandes músicos do jazz do século XX. Prêmio do Grammy garante arquivamento e digitalização de suas imagens. Uma mulher atendeu à porta vestindo roupas de casa e um avental. “Primeiramente eu pensei, ‘esta é a empregada’”, diz o fotógrafo Herman Leonard. “Ela disse, ‘me desculpe, mas eu tenho que alimentar o cachorro’. Ela tinha um bife fritando na panela, e estava preparando para o cachorro.” A mulher era Billie Holiday, uma das maiores vozes do mundo moderno. Click. A cena foi eternizada em filme por Leonard, agora aos 86 anos. Ele capturou os momentos mais estranhos e íntimos das vidas dos grandes músicos do jazz. Na segunda metade do século XX, documentou o período mais fértil da história do jazz – o museu Smithsonian tem mais de 130 fotografias tiradas por Leonard em sua coleção permanente. Seus retratados vão de Louis Armstrong e Duke Ellington a Miles Davis e Dizzy Gillespie. Impressões de suas fotos são vendidas por até US 15 mil (quase R$ 30 mil). Leonard também capturou momentos fugazes nas vidas daqueles de fora do mundo da música, de soldados norte-americanos cruzando uma ponte de campanha em Bruma durante Segunda Guerra Mundial até Marlon Brando tocando bongô em Paris. Ele tirou fotografias de Albert Einstein, Harry Truman, Clark Gable, Marta Graham. Por um tempo, Leonard trabalhou até para a revista "Playboy". Mas foram suas imagens do jazz – obras-primas de realismo – que lhe renderam um prêmio de US$ 33 mil (R$ 64 mil) do Grammy, que ele agora está usando para arquivar e digitalizar as suas fotos. Leonard é o primeiro fotógrafo escolhido para a bolsa, cujos agraciados normalmente estão ligados à indústria musical. Leonard seguiu Davis por quatro décadas, do seu início como trompetista no final dos anos 40 até 1991 no festival de jazz de Montreaux, na Suíça – seu último show. O trompetista era conhecido por “ser difícil”, diz Leonard. “Mas nos dávamos bem”. Durante o ensaio, Davis dispensou todos os fotógrafos de uma horda, exceto um – Leonard. “Eu pude ver no seu rosto... ele sabia que estava morrendo”, lembra Leonard. Aquelas últimas fotos de Davis “mostram ele carregando uma grande carga de angústia”. Ainda assim, “ele estava glorioso. A pele dele parecia veludo negro. Os ossos estavam bem definidos, e aqueles olhos em chamas estão tão intensos que era muito fácil fotografá-lo para qualquer fotógrafo. Ele era muito lindo”. O gênio do jazz morreu seis semanas depois. Então, há um Armstrong suado e cansado, sentado na frente de garrafas abertas de vinho e champanhe em uma mesa dobrável durante uma pausa nas filmagens de “Paris blues”. Ele está secando seus lábios com um lenço branco, um cigarro acesso pendendo da sua outra mão. Os retratos de bastidores são parte de uma vida de trabalho pelos quais Leonard foi honrado recentemente em Nova York com o prêmio Lucie na categoria de retratos. A lista de agraciados inclui nomes como Annie Leibovitz, Henri Cartier-Bresson e Cornell Capa. “Eu nunca trabalhei na minha vida. Eu faço o que eu amo”, disse Leonard em uma entrevista na casa em Los Angeles que divide com a filha, genro e neta. “Eu fiz da minha paixão a minha profissão”.
Ele se mudou para a Califórnia depois que o furacão Katrina destruiu sua casa em Nova Orleans, que ficava a poucas quadras de um dique que se rompeu e destriu 8 mil impressões de suas fotos. Mas 70 mil negativos foram salvos da correnteza nos cofres de um museu próximo. Leonard descobriu a sua “assinatura” fotográfica por acidente, enquanto tentava registrar imagens em clubes noturnos escuros ao longo da rua 52 em Manhattan na década de 50. “Criei a minha iluminação porque quando eu estava fotografando em clubes noturnos, a luz existente era insuficiente”, ele diz. Ele encontrou a solução usando duas luzes estroboscópicas – uma no teto próxima do spot direcionado ao microfone do músico, e a segunda atrás do artista, em algum lugar na platéia. “Então eu me posicionava de um modo que se eu não conseguisse ver a luz de fundo, ela estava sendo bloqueada pelo músico”, explica. “Eu conseguia captar a atmosfera sem destruí-la.” O resultado pode ser visto em retratos que dão ao fotografado uma aura brilhando, capturando ao mesmo tempo a enfumaçada intimidade dos antigos clubes de jazz. Leonard já foi chamado de “o Charlie Parker da fotografia”. Mas quando lhe perguntam sobre qual músico gostaria de ser comparado, ele lembra de Gillespie. “Dizzy conseguia tocar melodias sentimentais de alma e coração – e então podia se tornar completamente selvagem”, admira Leonard. Leonard é fascinado por quase tudo que vê, de celebridades a folhas mortas cobrindo uma calçada ou um homem beijando uma mulher em uma rua de Paris. “Ele se curvou sobre o carro de costas para mim, e suas pernas estavam separadas e as pernas delas estavam juntas, entre as pernas dele – e era tudo que se podia ver”, lembra. “Esse é o tipo de imagem que me atrai, com um certo padrão ou composição.” As imagens estavam em qualquer lugar por que passasse – vivendo na Europa por 35 anos, na ilha espanhola de Ibiza por oito anos e em São Francisco. Mas foi Nova Orleans que finalmente roubou seu coração. “Havia um calor e uma receptividade lá, uma certa tolerância”, diz. “Você podia plantar bananeira no meio da rua, e seria somente parte da paisagem.” Hoje, Leonard anda com sua equipe, formada por gente bem mais nova, por vezes fotografando noite adentro. Para se divertir, ele vai para clubes de jazz com amigos da indústria cinematográfica, longe daqueles “velhos xeretas”, diz ele, com uma risada. Em setembro o Montreal International Jazz Festival vai lançar uma nova sala de exposições com um portfolio com fotografias de Leonard. Ele também está trabalhando em um novo livro de imagens para ser publicado ainda em 2009. É a sequência de sua obra de 2006, “Jazz, giants and journeys”, com prefácio de Quincy Jones. “Eu costumava falar pros caras que Herman Leonard faz com sua câmera o que nós fazíamos com nossos instrumentos”, escreveu Jones. “A câmera de Leonard conta a verdade, e a faz balançar.” (Fonte: AP).

Meu pai me falava sobre jazz. Na realidade, eu preferia principalmente música pop soviética, mas ele era baterista amador e cantor, que frequentemente tocava em casamentos e restaurantes”, explica Igor Butman. “Meu pai foi, realmente, a pessoa que me introduziu no jazz e na própria música”. A história do jazz na Rússia remonta à década de 20. Segundo Butman, a evolução ocorreu ao longo de vários períodos imprecisos, em que também se fazia confusão com a música clássica. O estrito controle do regime soviético da liberdade artística oferecia tanto oportunidades como desafios. “Assim que comecei a tocar”, conta Butman, “consegui me apresentar em clubes de jazz em São Petersburgo. Viajava para lugares como Moscou, Letônia, Lituânia e Ucrânia, mas não tinha permissão para ir ao exterior, pois achavam que eu poderia fugir”. “Nos tempos soviéticos, a agência estatal de contratação das apresentações oferecia concertos sem se importar se haveria sucesso de bilheteria ou apenas duas pessoas na plateia. Mesmo assim, eram realizados 14 concertos por mês”. Apesar de assegurar fluxo de trabalho, este sistema fechado impunha constrangimentos à criatividade. “Criei minha banda, mas não conseguia trabalho porque não era registrado na agência estatal de contratação das apresentações. Não era fácil adquirir status profissional. Por isso, fui para os Estados Unidos em busca de um caminho normal”. Em 1987, Butman chegou a Boston para estudar no famoso Berklee College of Music. “Eu era o melhor da União Soviética, mas sabia das minhas limitações”, conta o saxofonista. “Tinha que estudar, tocar e concorrer com os melhores do mundo. Depois da formatura, me mudei para Nova York, onde permaneci por alguns anos, antes de voltar defi nitivamente para a Rússia, em 1997”. Depois do retorno a Moscou, a carreira de Butman decolou. Ele começou a se firmar como uma referência do jazz russo, gravando vários CD - que incluem o mais recente, "Magic Land", que apresenta melodias dos desenhos animados soviéticos e de um grupo de elite de músicos americanos. Atualmente, o cenário jazzístico russo está a uma longa distância de sua situação na ex-URSS, quando um músico poderia ser jogado na prisão por realizar concertos sem autorização. Butman é rápido em reconhecer que “tudo mudou”, como diz, especialmente em relação à concorrência saudável no mundo musical. “De certo modo, para nós, é uma vida mais difícil. Hoje, há uma grande concorrência entre os grupos, o que me agrada. É preciso melhorar, oferecer algo interessante e singular, e ainda pensar sobre o que se pode oferecer a casas de espetáculos ou a salas de concertos. “Agora há muito mais bons músicos jovens. As coisas estão ocorrendo em todas as partes da Rússia, e cada cidade conta com o seu próprio cenário musical. Já não é apenas Moscou, mas Novosibirsk, São Petersburgo, Vladivostok, Rostovna- Donu, Iaroslavl. Existem também muitos clubes de jazz competindo entre si, e conseguem apresentar os melhores músicos de todo o mundo”. A sensação de expectativa quando um grande evento agita a cidade é emocionante para Butman, que vem organizando o seu próprio festival de jazz já há nove anos. “Este festival chama-se Triumph of Jazz. Estou tentando descobrir novos nomes e dar-lhes oportunidade de tocar aqui, bem como procuro trazer velhas estrelas que fizeram a revolução no jazz”. “Acho que há grande mercado para isso na Rússia. As pessoas estão interessadas em jazz, e têm ouvido falar de mim; elas podem confiar no que vou tocar, ou nas pessoas que vou trazer, mesmo que não saibam quem são elas. Há grande sensação de curiosidade porque não é todos os dias que temos algo tão especial. Muitas pessoas diferentes vêm aos concertos”. O status de Butman como espécie de celebridade do jazz da Rússia foi construído a partir de vários ângulos, e não apenas com a sua poderosa e nítida voz no sax tenor. Além de administrar um clube e o festival Triumph, também atuava como anfitrião da Jazzophrenia na televisão nacional. Mais recentemente, ele participou de uma ambiciosa turnê de oito concertos nos Estados Unidos, com o Crossover Concerto, colaboração que apresentava o maestro clássico Iuri Bshmet e o compositor Igor Raykhelson. "Temos além da minha grande banda, uma orquestra de câmera, com o nome de Solistas de Moscou, dirigida por Iuri Bashmet. É uma combinação de diferentes músicas: eles tocam peças clássicas com pequena influência do jazz, enquanto tocamos alguma peça clássica com nossa forma de execução de jazz. Soa tão bem que, para nós, é algo inacreditável - conta. A atual vitalidade do jazz russo recebe o apoio necessário para que Butman não veja motivos para voltar para os Estados Unidos. "Não preciso morar lá. Gosto da América, mas também gosto de morar na Rússia." E o constante esgotamento dos ingressos para as apresentações sugere que esse sentimento é mútuo. (Fonte: Frederick Bernas, para o Jornal do Brasil).

Dolores Duran, cantora de jazz

Pesquisa revela gravações pouco conhecidas de Dolores Duran - Durante quatro anos, uma pesquisadora estudou a obra de uma das maiores compositoras da música popular brasileira. Acabou descobrindo gravações que revelaram um lado pouco conhecido de Dolores Duran, que morreu há 50 anos: ela foi também uma grande cantora. Dolores chegou em casa de madrugada, cansada, depois de se apresentar no Little Club, uma boate de Copacabana. Aos 29 anos, uma separação, uma filha adotada, grandes amores. Dizem que chegou a comentar com a empregada que queria dormir até morrer. Era outubro de 1959 e ela não acordou mais. A carreira de cantora tinha começado dez anos antes. A de compositora, havia apenas quatro. Foi na Copacabana dos anos 1950, um lugar em que a noite era da boemia e das boates com música ao vivo, que Adileia Silva da Rocha virou Dolores Duran e que Dolores se transformou numa compositora sofisticada, que logo chamou a atenção de todos. Foi com a turma que formaria a bossa nova que ela começou a compor, a cantar, a se relacionar. Foi parceira de Tom Jobim ainda nos tempos pré-bossa nova. Sozinha, fez o clássico da MPB “Noite do meu bem”. O compositor João Donato namorou Dolores quando tinha 20 anos. “Nos apaixonamos e queríamos casar. Mas não deu certo. Éramos muito novos. O pessoal de casa não fazia questão que casássemos tão cedo”, lembra o compositor João Donato. Há 5 anos a pesquisadora Angela de Almeida começou a trabalhar na biografia de Dolores Duran. Se encantou pela maturidade e pelo talento dela. “Fui me apaixonando pela figura da Dolores, pela obra, pela história de vida muito delicada, muito pungente, muito terna, como são as canções dela”, aponta a pesquisadora Angela de Almeida. No meio da pesquisa, uma descoberta: gravações de Dolores cantando na casa de amigos, na companhia de um time de músicos digno de seleção: nos violões Baden Powel, Manoel da Conceição , Billy Blanco e Chiquinho do Acordeon. O produtor musical Osvaldo Cruz Vidal levou quatro anos para recuperar as gravações: “Ela estava, artisticamente, maravilhosamente bem, no auge. Cantando muito bem”. Nas gravações Dolores conversa, brinca, arrasa, em inglês e em francês. Dá toques de bossa nova, na trilha sonora de “O mágico de Oz”. João Donato, o ex-namorado, já conhecia bem esse lado de Dolores Duran: “Ela era uma cantora de jazz, que cantava todos os gêneros”.

Cadê a sessão de jazz das Sendas?

Voluntariamente, o economista aposentado Márcio Pereira e mais um grupo de amigos costumavam se reunir no supermercado Sendas, da Rua José Linhares, no Leblon, para uma saborosa sessão de jazz e outros ritmos elegantes no fim de tarde. O piano, segundo Márcio, comprado pessoalmente pelo fundador Arthur Sendas ficava no mercado. Para não ficar sem uso, o economista se divertia e alegrava os clientes com a boa música. Com o uso, o piano desafinou e, já faz mais de um mês, foi tirado das Sendas. Mas Márcio e companhia não silenciaram e passaram a tocar numa loja em frente. A assessoria de imprensa do Grupo Pão de Açúcar informa que o instrumento foi retirado para conserto e até o final do mês voltará para o supermercado do Leblon. (Fonte: O Globo).

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