Dolores Duran, cantora de jazz

Pesquisa revela gravações pouco conhecidas de Dolores Duran - Durante quatro anos, uma pesquisadora estudou a obra de uma das maiores compositoras da música popular brasileira. Acabou descobrindo gravações que revelaram um lado pouco conhecido de Dolores Duran, que morreu há 50 anos: ela foi também uma grande cantora. Dolores chegou em casa de madrugada, cansada, depois de se apresentar no Little Club, uma boate de Copacabana. Aos 29 anos, uma separação, uma filha adotada, grandes amores. Dizem que chegou a comentar com a empregada que queria dormir até morrer. Era outubro de 1959 e ela não acordou mais. A carreira de cantora tinha começado dez anos antes. A de compositora, havia apenas quatro. Foi na Copacabana dos anos 1950, um lugar em que a noite era da boemia e das boates com música ao vivo, que Adileia Silva da Rocha virou Dolores Duran e que Dolores se transformou numa compositora sofisticada, que logo chamou a atenção de todos. Foi com a turma que formaria a bossa nova que ela começou a compor, a cantar, a se relacionar. Foi parceira de Tom Jobim ainda nos tempos pré-bossa nova. Sozinha, fez o clássico da MPB “Noite do meu bem”. O compositor João Donato namorou Dolores quando tinha 20 anos. “Nos apaixonamos e queríamos casar. Mas não deu certo. Éramos muito novos. O pessoal de casa não fazia questão que casássemos tão cedo”, lembra o compositor João Donato. Há 5 anos a pesquisadora Angela de Almeida começou a trabalhar na biografia de Dolores Duran. Se encantou pela maturidade e pelo talento dela. “Fui me apaixonando pela figura da Dolores, pela obra, pela história de vida muito delicada, muito pungente, muito terna, como são as canções dela”, aponta a pesquisadora Angela de Almeida. No meio da pesquisa, uma descoberta: gravações de Dolores cantando na casa de amigos, na companhia de um time de músicos digno de seleção: nos violões Baden Powel, Manoel da Conceição , Billy Blanco e Chiquinho do Acordeon. O produtor musical Osvaldo Cruz Vidal levou quatro anos para recuperar as gravações: “Ela estava, artisticamente, maravilhosamente bem, no auge. Cantando muito bem”. Nas gravações Dolores conversa, brinca, arrasa, em inglês e em francês. Dá toques de bossa nova, na trilha sonora de “O mágico de Oz”. João Donato, o ex-namorado, já conhecia bem esse lado de Dolores Duran: “Ela era uma cantora de jazz, que cantava todos os gêneros”.

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