Jazz no aeroclube

Localizado nas esquinas da Avenida São João com a Ipiranga desde 1948, o Bar Brahma caminha para virar uma marca nacional. Um programa de expansão prevê a abertura de nove filiais, sete delas em outras capitais brasileiras. Rio, Salvador e Recife já são endereços confirmados. A primeira inauguração, no entanto, acontece aqui mesmo, em São Paulo, num ponto inusitado, o Aeroclube de São Paulo, na zona norte da cidade, no dia 13. Ainda em abril, no dia 21, Brasília será palco da segunda inauguração. Ontem, a filial do aeroclube abriu as portas para um grupo seleto de convidados numa espécie de pré-estreia para sócios, a grande maioria formada por pilotos e donos de aeronaves. "Quando estiver funcionando regularmente, poderá ser frequentado pelo público em geral" diz Fadi Sami Younes, presidente do Aeroclube de São Paulo. "Esse é apenas o começo de um processo de rejuvenescimento do clube, que desde o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos vem perdendo sócios. Desde então, cerca de 600 membros foram embora." A ideia do presidente é transformar o Aeroclube num lugar como o Jockey Clube de São Paulo, um ponto turístico temático com diversão até para quem não entende de cavalos. O Bar Brahma Aeroclube, no entanto, é bem temático. Ele foi construído no mesmo local onde funcionava um antigo e tímido restaurante interno - que servia apenas sócios e funcionários. O prédio térreo de alvenaria deu lugar a um hangar de 12 metros de altura e 770 metros quadrados. Especialmente levantado para abrigar o bar, uma de suas paredes é de vidro, o que amplia a visão do cliente, que, ao enxergar as aeronaves lá fora, não tem dúvida de que não está no bar da São João. Além disso, no centro do salão principal, um monomotor de verdade, vermelho e branco, suspenso no teto, conta um pouco da história do clube. "Trata-se de um Piper Cherokee, da década de 70. Nessa década, houve um incêndio grande e perdemos toda a nossa frota", diz Younes. Os sócios fizeram uma vaquinha e importaram alguns. "Sete deles ainda são usados nas aulas de pilotagem." Nas paredes, cerca de 20 fotos curiosas sobre a aviação brasileira, como a do primeira mulher a tirar brevê, chamam a atenção. PRAIA DE PAULISTA - A grande atração, no entanto, é o deque da casa, com capacidade para 500 pessoas. Ele dá para o pátio das aeronaves e tem uma ótima vista da cidade. É um bom ponto para assistir ao nascer e ao pôr-do-sol. Nos quatro ambientes, café, deque, mezanino e salão principal, a casa comporta 800 clientes. Há ainda um espaço fechado, especial para reuniões . Mesmo com toda essa ambientação específica, o bar não perdeu as características originais da matriz no centro. "Conservamos as paredes cor mostarda, os detalhes dourados e a madeira escura usada tanto no assoalho de tábuas largas como nas mesas", diz Nelson Rocha, da Criacittá, empresa de ambientação e cenografia. Não será apenas a filial do aeroclube que terá uma roupagem específica e diferenciada. "Nas outras cidades, levamos o conceito do bar, mas incorporamos o contexto regional. Em Brasília, por exemplo, penduramos nas paredes quadros com fotos da construção da cidade", explica Rocha. Outra novidade da filial do aeroclube tem a ver com o cardápio. "Incrementamos pratos de todas as regiões do Brasil", diz Álvaro Aoás, um dos sócios do Bar Brahma. "Também serviremos café da manhã." A casa abrirá todos os dias, das 7 horas a 1 hora da madrugada. Uma parceria feita com a Rádio Eldorado garantiu um pacote de shows de jazz todos os domingos de manhã. A casa tem um pocket palco. Durante as noites, estão previstos shows de MPB. A organização da casa ainda não fechou a agenda da programação musical. MUSEU Em parceria com a AmBev, Álvaro investiu no aeroclube cerca de R$ 2 milhões. "O projeto nasceu naturalmente. A direção estava interessada em rejuvenescer o local e eu queria expandir. Como sou sócio do clube, o Bar Brahma virou o parceiro ideal."Ao lado do bar, será montado um museu para abrigar 10 mil itens do acervo do clube. Entre eles, fotos, carteirinhas antigas de brevê, tocas de couro - antigamente os pilotos usavam esse acessório porque as aeronaves eram abertas - e echarpes. Há também um paraquedas da antiga Força Pública e um livro de visitantes com a assinatura de Santos Dumont, o pai da aviação. O clube ainda pretende inaugurar uma sala com simuladores de voo aberta ao público. "Para isso, falta apenas um parceiro na área de games", diz Younes. (Fonte: Folha de São Paulo).

Museu